Às vésperas de completar um mês do assassinato do bebê Rafael Alexandre – crime ocorrido no dia 26 junho, na Vila de Ponta Negra – nenhum dos acusados está preso. O principal suspeito – cujo nome a polícia não revela – fugiu da vila. Apesar disso, a investigação está em fase de conclusão e o inquérito deve ser encaminhado na próxima semana para a Justiça.
“Não temos novidades no caso. Estamos ouvindo a última testemunha e acredito que na próxima semana estaremos enviando o inquérito para a justiça, que tomará as providências cabíveis. Com relação ao autor do crime, ele ainda não foi localizado, mas continuamos com a busca”, disse o delegado substituto da 15º DP, João Fernandes.
Na vila o clima de tensão entre os moradores é bem maior, hoje, do que na semana do crime. O que há um mês era rixa entre traficantes, se transformou em perseguição. Os moradores da rua Cabo Honório não podem passar nem perto da rua Morro do Careca (conhecida como Treme-Terra) – onde aconteceu o assassinato do bebê. O medo é visível no rosto dos poucos moradores com quem a reportagem da TRIBUNA DO NORTE conseguiu conversar. Aquelas cenas comuns nas periferias das cidades - de crianças brincando na rua - tem se tornado cada vez mais raras.
“Antigamente, no final da tarde, era até difícil passar pelas ruas de tanto menino brincando. Hoje é um aqui outro lá, mas só enquanto o dia está claro. Quando escurece você não vê mais ninguém nas calçadas”, disse um morador da rua Trema-Terra.
Ele - que não quis se identificar - já providenciou uma casa na zona Norte de Natal com medo da violência na Vila. “Eu trabalho de madrugada, mas não tenho coragem de voltar para casa. Espero o dia amanhecer para voltar do trabalho”, disse.
A TN tentou conversar com outros moradores, mas com medo de represálias, mais ninguém quis falar com a reportagem.
Na rua Cabo Honório, onde os moradores da Treme-Terra suspeitam que morava o assassino de Rafael Alexandre, a situação ainda é mais complicada. No último domingo um senhor de 51 anos foi espancado. “Estava no mercado aqui perto quando um pessoal da Treme-Terra perguntou se eu sabia o paradeiro de um dos meninos acusados de matar a criança. Eu disse que não sabia, foi quando começaram a me bater e depois disseram que se eu voltasse por ali de novo, a próxima seria de bala”, contou o senhor que também não quis se identificar.
Ainda segundo moradores, outras duas crianças da rua Cabo Honório teriam sido ameaçadas de morte. “Mandaram uma carta para minha sobrinha dizendo que ela ‘se ligasse’ porque tinha duas filhas bonitas e que elas poderiam ser as próximas vítimas. Ela foi embora daqui com medo”, disse uma senhora.
A população ainda tem guardadas algumas cápsulas do último tiroteio que aconteceu no dia 24 de junho e teria motivado a troca de tiros entre os traficantes e terminou com a morte do bebê.
“Nessa rivalidade só quem paga são os inocentes. A gente quer segurança, quer poder viver em paz”, pediu uma moradora.
Tribuna do Norte
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