A população pode comprar os foguetões. Mas respeitem a precaução da canja de galinha e esperem para ir à forra só depois do aval da prefeita Micarla de Sousa. É que o projeto Domingo na Praça foi ‘‘muito elogiado’’ na Capitania das Artes ao ser apresentado ontem pela produtora Cida Campello e será agora encaminhado à prefeita para aprovação. A UFRN ofereceu sua logística como contrapartida - a praça! - e agora as negociações são internas, entre as instituições, como afirma a produtora.
O Domingo na Praça é exemplo de resgate do espaço público, livre, libertário. Foram dez anos de interatividade entre cultura popular - potiguar - e a família. Foram dez anos de espetáculo cênico, shows musicais os mais variados, exposições de artes plásticas, mostras da literatura potiguar, culinária regional, artesanato e, antes de tudo, uma confraterização mensal e gratuita entre público e artista, entre a criança e a arte. E desde 22 de outubro de 2006, o projeto espera este novo contato mensal.
O interesse da Capitania na volta do DNP recai também no aproveitamento da marca e público fiel do Domingo na Praça para servir de projeto-âncora de outra iniciativa da Funcarte: o projeto K-Ximbinho. Uma década de projeto conseguiu formar uma platéia atenta às atrações musicais - geralmente sem espaços ou recursos para apresentações nos grandes palcos e mídia - e também nas manifestações artísticas e da cultura popular, como folguedos e exposições de artes plásticas. Tudo gratuito.
Desde 26 de outubro de 1996, quando houve a primeira edição do projeto, o formato foi de festival. Durante nove anos sobreviveu de apoios culturais de poucas empresas e da parceria da antiga TV Cabugi. Apenas em 2005 foi aprovado na Lei de Incentivo Câmara Cascudo, quando entrou em edital público do grupo Telemar. O patrocínio perdurou até novembro de 2006 e proporcionou um salto qualitativo e quantitativo ao projeto. Virou palco da alegria, da democracia de opiniões, inclusive na comunidade do orkut, hoje com mais de 2 mil pessoas. O público mensal do projeto iniciou com 800 pessoas na Praça Nezinho Alves e fechou com 8 mil na Praça Cívica do Campus.
Cida acredita que próxima semana receberá uma resposta definitiva a respeito do regresso ou não deste Domingo na Praça. Em caso afirmativo, ela inicia a pré-produção e produção. ‘‘O entusiasmo é grande. E agrecemos a força do Diário de Natal, reconhecida pela própria prefeitura nesta campanha pela volta do projeto. Estamos confiantes, solidários, unidos: artistas, platéia, produção. Falta pouco para fechar o elo’’, afirma. E a expectativa é a de que o castelo de Castro Alves volte às mãos do povo, da população ávida pelos domingos longe do Faustão e mais próximos da arte popular ou clássica.
Quem completa é a produtora Cida Campello: ‘‘Que venham os domingos na praça, domingos melhores, mostra de arte, teatro, cinema e artesanato, festivais gratuitos, ruas de feiras culturais e livres, o Som da Mata... e tantos outros. Enfim, que os espaços tomem vida artística. E que nossa população tenha opção de escolha para desfrutar da arte, que realmente modifica paradigmas’’.
Domingo Melhor também está na pauta
A garantia - pelo menos bimestral - de domingos mais culturais está acordada com a prefeitura e a parceira Fecomercio. É o Domingo Melhor de volta após dois anos na geladeira. A retomada está prevista para o mês de maio, no mesmo local em que iniciou, no Bosque das Mangueiras, em Lagoa Nova (rua paralela à Avenida Nascimento de Castro).
Durante dois anos o projeto Domingo Melhor disseminou arte, cultura e aquela que se transformou em sua marca característica: a solidariedade. O ingresso para as apresentações musicais, lançamentos literários, exposições de artes e oficinas sempre foram dois quilos de alimento não-perecível, distribuídos depois pelo Armazém da Caridade. Em dois anos foram arrecadados 100 mil quilos de alimento.
Segundo o assessor de marketing da Fecomercio e a assessoria de imprensa da prefeitura, a previsão para retomada do projeto é em maio. A prefeita Micarla de Sousa ainda fará reunião com a Funcarte e secretarias relacionadas para definir custos e logística - situação semelhante ao processo de regresso do Domingo na Praça.
Segundo Tertuliano, o formato do projeto será mantido, com atrações musicais nacionais e locais convidadas, espaço aberto às variadas manifestações culturais e com a idéia de ampliação, com um circo infantil, para incentivar a família levar suas crianças e promover melhor interação com a arte e cultura.
Som da Mata volta neste semestre
Um dos projetos mais originais e charmosos de Natal também está prestes a ser retomado. O Som da Mata e dos instrumentais executados pelos melhores músicos do Estado já foi colocado em processo de licitação pelo Idema e antes de junho receberá sua primeira atração do ano no palco do Parque das Dunas, em Tirol. E melhor: o produtor e idealizador do projeto, Marcos Sá, atendeu pedidos do Idema e inseriu novas idéias para melhor aproveitamento da área, com outras atrações culturais.
Entre outras sugestões, Marcos Sá pensou em espetáculos e apresentações de dança no Anfiteatro Pau Brasil e transformar o projeto exibido na televisão, ‘‘para preencher a grade de programação das tvs com conteúdo qualificado, seria interessante para efeito de registro de um projeto cultural consolidado e também para visibilidade dos músicos e artistas’’, além de promover oficinas variadas e exposições no espaço Folha das Artes. Segundo Marcos, o Som da Mata promoveu 107 apresentações entre fevereiro de 2006 até outubro de 2008 e reuniu orquestras, bandas e nomes de músicos os mais renomados do Estado.
Com o Som da Mata em voga e regularidade semanal, o natalense terá três opções de lazer e cultura aos domingos. O Domingo na Praça ocorre no último domingo do mês, e o Domingo Melhor será promovido a cada dois meses. A volta dos três projetos está nas mãos do poder público e dos apoios da iniciativa privada. Todos com previsão para este semestre.
Fonte: Diário de Natal
Nenhum comentário:
Postar um comentário